Episódio 4 (parte 1)

Preciso despertar... Quero despertar...
Heath... Onde está você? Preciso te encontrar...
Paula abre lentamente seus olhos negros, e tenta se sentar sobre a desconfortável rocha onde estivera deitada durante horas, sem saber.
-Se sentindo melhor? – Heath a entrega um pequeno copo de madeira com um líquido transparente dentro, antes mesmo de ela encostar os pés no chão. Água, presumiu ela. – Precisa se recuperar...
Paula nada respondeu. Apenas rodou seu olhar pelo local em que se encontrava. Era um tipo de gruta...Não, uma caverna...
Havia mais alguém ali, um rapaz. Um rapaz loiro, de cabelos cacheados, seus olhos continham um azul tão intenso que faziam Paula quase se arrepender de ter conhecido Heath antes dele... QUASE.
- O nome dele é Paul... – Heath afirmou, percebendo o breve interesse de Paula. – Foi ele quem me mandou...te buscar...
-É isso...- Paula toca na parte de trás de sua cabeça, a parte que mais sofrera com o ataque. – Você tentou me matar! Seu assas...
- Tecnicamente, gata... – Paul deixou um sorriso escapar. – Ele conseguiu te matar!
-Hei... Do quê... – A fala do rapaz deixou Paula tão assustada que ela nem percebeu seu lindo sorriso de dentes brancos e brilhantes. – Do que ele está falando?
-Ingênua... – Paul se virou novamente para a pilha de papéis em que se concentrava antes de intervir na conversa.
-Paula... – Heath segurou os ombros da jovem. – Você não é mais uma humana... Agora você é uma de nós...
-Uma...de nós?
-Linda, você agora é uma Encarnada... Uma... Alma... Presa neste mundo até concluir sua missão!
Paula fecha um dos punhos e acerta em cheio o nariz de Heath, que recua dois passos, e olhou de relance para Paul, que soltava breves risadas sarcásticas, provavelmente gostando da falta de informações da jovem.
-Me deixem em paz! Você tentou me matar... Como pode agir tão normalmente?
Heath pega um pequeno pedaço de pano sujo em cima de uma pequena mesinha de centro de madeira, e livra o ponto atingido dá única gota rala de sangue que escorria.
-Paulinha... Deixe-me ao menos explicar... Por favor...
-Heath, eu quero ir embora! –Paula sentia algo crescer dentro dela. Um tipo de fogo que só ela sentia. – Não entende? Eu te odeio! Nunca vou te perdoar... Eu poderia estar morta neste instante! Deixe-me ir!
-Não pode voltar, Sua tonta... – Paul soltou todos os papéis no chão, em desordem. E mais uma vez soltou um sorriso de deboche para a jovem. – Iriam perceber, você acabaria matando seus próprios familiares... Nos próximos dias você não poderá ver ninguém... Pelo menos até que a transformação se conclua e seus sentimentos sejam novamente controláveis...
-Transformação? – O fogo de Paula se apaga, e no seu lugar nasce uma pontiaguda pedra de gelo.
* * *
-São exatamente cinco e meia da tarde! – Micka tira os olhos de seu relógio banhado a ouro. – E aí, alguém já tem algum plano?
A essa altura, Mickaella já havia voltado a sua casa, junto a Tie. Teria, sim, contado os últimos acontecimentos para seus amigos. Mas, a julgar pela situação, as prioridades eram outras.
-Micka... May teve um sonho... – Inna soltou um suspiro. – Ela aprendeu um feitiço que pode nos ajudar...
-É sério, May? – Micka neste instante sentiu algo que pensou ter deixado de existir. Animo! – Isso é incrível! Isto é... Espere... – Micka fechou a cara. – Você contou a eles?
-Não a culpe, eu precisava saber! – May enxugava o que sobrara de suas lágrimas em uma pequena toalha de rosto rosa-choque.
-Enfim... – Tie parecia bastante impaciente.
-Bem, eu não sei galera... Pode ter sido apenas um sonho...
-May, “apenas um sonho” não existe mais em nosso vocabulário. – Riley segurava um de seus ombros, como se fosse um consolo.
-Tudo bem! – Ela assentiu. – A duração é desconhecida, e não funciona com uns tais de “Encarnados” – May materializou as aspas com as mãos. - Não sei quem são, mas pelo visto vamos ter futuros problemas com eles. Bem, Na verdade, é um ritual bem simples... Embora eu ainda esteja com medo de velas...
-Encarnados? – Micka curvara as sobrancelhas. – O que são Encarnados?
- Como eu disse, não sei. Mas, segundo a breve descrição de Madelynne, são seres com aura fria.
-Madelynne? – Tie enfatizou, era mesmo para ser uma pergunta.
-Alguma ancestral minha... Ela se chamava de “a bruxa das flores”, e era perseguida pela igreja, pelos Encarnados, e pelas sombras.
-As mesmas sombras que... – Inna foi interrompida.
-As mesmas sombras que me atacaram ao final do sonho...
Mas May sabia que aquilo não era para ser o fim do sonho, seria apenas o começo! As sombras planejavam tortura-la muito más, até que ela cometesse suicídio ou algo do gênero (mesmo que não fosse um suicídio real). Mas algo interrompeu o sonho... Algo a salvou... E ela sabia que seria eternamente grata a este “algo”.
-Bem, preciso que anote este feitiço, May. – Ordenou Micka. – Não pode correr o risco de esquecê-lo!
-Pode deixar! – May dava meia volta e seguia em direção ao quarto de Mickaella.
-Estamos fritos! – Riley se jogou no imenso sofá da sala, e se espreguiçou.
-Uau... Como você está preocupado... – Provocou Tie, revirando os olhos.
-Não tente me irritar... Ou eu...
-Parem! – Micka disse, quase que rosnando.
-Escutem, e se eu conseguir outro contato com Celly? – Inna parecia realmente contente com isso.
-Seria bom... – Micka quase acreditou que isto seria possível. – Se ao menos tivéssemos uma pequena idéia de como o fazer!
-Eh...tem razão... – Inna voltou seu olhar para o chão, perdendo as esperanças.
-Não pode ser tão difícil... – Todos voltaram a olhar Tie, que lhes passava um pouco de ansiedade. – Da última vez, ela só teve que dormir, Funcionou perfeitamente!
-Eu não quero dormir! – respondeu Inna, parecendo estar ofendida. – Acha que, se eu não tivesse uma solução, já não teria desfrutado dela?
-Só achei que poderia tentar... Me desculpe!
-Você acha que sabe tudo não é, Tie? – Riley havia se levantado do sofá. Atraindo, agora, a atenção dos três jovens na sua frente. – Mas a verdade é que não faz nada para ajudar!
-E o que VOCÊ tem feito? – Tie sentia a misteriosa e repentina ira de Riley, e ele também se via roubando parte dela. – O que está havendo? Éramos amigos a menos de um minuto!
-Não! – Ele gritou, com uma voz séria e bizarra. – Eu era seu amigo, Tie. Mas a verdade é que você apenas me usou! Me usou para se aproximar de Mickaella!
-O que? – Tie não era o único que parecia confuso ali, mas apenas ele expressava. – Ficou louco? Eu e Micka nos conhecemos desde os seis anos de idade. É minha melhor amiga... Não preciso de ninguém para me aproximar dela, e eu não quero! Já somos próximos o suficiente!
-Não vou deixar que a roube de mim! – Riley bufava, seus olhos eram inexpressivos, e algumas veias eram visíveis em seus braços.
Ele realmente estava com raiva... Mas por quê? Transtorno bipolar?
Riley fechara o punho, e o avançava rapidamente em direção a Tie, mirando em seu rosto.
Tie se preparara para esquivar, mas, de uma hora para outra, Riley parou.
Suas veias bombeando o sangue ainda visíveis, seus olhos lançando diretamente ira a Tie, e seu punho forçado, ainda fechado, parado no meio do ar, preso ao seu corpo.
Era como se alguém que os assistia tivesse apertado o botão do “pause” de um dvd.
Era como se ele tivesse congelado.
Inna e Micka voltam seu olhar à porta que resultava no corredor. E lá estava ela, May Crommwell, Com a mão estendida em direção á estranha briga.
Uma luz rosada, que liberava algumas faíscas roxas, eram liberadas de todo o seu corpo.
Ela estava em um tipo de transe...
Inna pulou de susto, ao perceber!
Riley... Ela parou riley...
-Desista sombra! – May estava estranhamente assustadora. – Este não é dos seus!
A luz que dela saia ficava cada vez mais clara, e o ambiente ao redor se tornava sempre mais frio.
Riley gritou.
***

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