Capitulo 4 (Parte 2)

-Está me dizendo que eu estou morta? – Paula sentia algo a corroendo por dentro. Mas, segundo Paul, isso era apenas mais uma reação provocada pela transformação.
-Não, apenas não faz mas parte desse mundo... – Heath piscou um dos olhos, sorrindo.
Como se Paula estivesse em condições de sorrir agora.
-Hein? – A jovem ficava cada vez mais confusa. – Eu não morri? Então por que não posso voltar para casa? Você disse que eu tinha morrido!
-Você não faz mas parte deste mundo, por que deveria estar morta... – Heath parecia estar perdendo a paciência. – Mas, o seu espírito continua vivo neste corpo. Só que, agora, você pode fazer certas coisas que um humano normal não pode.
-Ela sempre foi assim...Tão patética? – Paul agora se encontrava sentado na mesma pedra-cama onde Paula estava há alguns minutos atrás.
-Cale-se! – Paula lançou um olhar de incêndio para o garoto, obtendo um sorriso como resposta.
-Tem que descansar agora...- Heath não dava um conselho, dava uma ordem. – Mais tarde ela vem te conhecer...
-Ela? Quem é ela?
-Vai saber quando acordar...
Paula olha de relance para Paul, que se levantava da pedra e se movia rapidamente até a parte externa da caverna. Uma agulha de ansiedade espetou a moça, ao ver algumas flechas de luz solar entrarem até certo ponto da desconfortável moradia.
A jovem se deitou, sentindo uma forte dor nas costas que subia até a sua nuca.
* * *
Algo se solta da garganta de Riley e sai pela sua boca afora.
Era uma sombra. Uma nuvem negra e concentrada que deixava bem claro ter vontade própria. A sombra fez um movimento circular em torno de Riley, que continuava congelado.
As cores que May liberava de seu corpo continuavam fortes e brilhantes.
-Inna... – Disse a jovem bruxa. – É bom te ver de novo! Por que não aparece no templo um dia desses?
No templo? Do que May estaria falando? O único templo em que estivera nos últimos dias, e ela nem tinha certeza do que era aquele lugar até agora, era a casa de...
-Celly? – Soltou Inna, levando um susto ao perceber sair um “sim” da boca da amiga.
-Celly? – Repetiu Micka. – Do seu sonho?
Inna fez que sim com a cabeça.
-Vá embora, Sombra... – Disse Celly, ainda em posse sobre o corpo de May. – E avise para seu mestre para não se aproximar dos meus protegidos novamente!
-Meus protegidos? – Tie se virou para Celly, com uma expressão de dúvida no rosto.
-Depois explico melhor!
A sombra parou no ar. Algo dentro dela começou a se modificar. E, em alguns instantes, um corvo de um negro realmente intenso tomou o lugar da figura, e voou para fora da janela em uma velocidade surpreendente.
-O quê... – Micka, mais uma vez, se sentia completamente fria. – O que foi isso?
-Tenho que começar do início... – Celly fez um movimento com uma das mãos, fazendo as cores que lhe saiam do corpo desaparecerem. Isso também provocou que Riley desmaiasse e caísse no chão. Ninguém pareceu perceber então ela continuou. – Todos nós temos uma aura, é invisível para a maioria dos mortais, e sua cor muda à medida que nós mudamos. Por exemplo, uma pessoa má, egoísta, ou que tenha sede de morte, terá uma aura negra. As auras negras são chamadas de Sombras.
-Mas... Porque aquela aura... Sombra... Ou sei lá o que, conseguiu se transformar naquele animal? – Tie ainda parecia um pouco traumatizado. Jamais esperaria ser atacado por Riley (que continuava caído e desmaiado)
-Magia negra... – Celly balançou a cabeça, em negativa, olhando para baixo. – A atraente e traidora Magia negra...
-Magia... –Inna repetiu. – Mas... Como podemos ver aquela aura, e não conseguimos ver a nossa?
-Ótima pergunta! – Celly parecia realmente surpreendida. – Bem, a nossa aura tem o dever de nos proteger a qualquer custo. Se usar uma quantidade exageradamente grande de seu poder, um esforço muito grande será feito. E isso fará com que ela se una cada vez mais com seu espírito... Tornando-se parte deste mundo. Bom, pelo menos até a sua morte... – Ela ri de leve. – Mas, sabe, isso é bom! Auras também têm sentimentos, o que significa proteção o tempo inteiro, e uma nova amizade.
-Que legal... – Micka ficou realmente animada. – Eu quero minha Aura!
-A menos que precise de muita ajuda... Ou que tenha uma amiga bruxa com um diário cheio de feitiços que a Celly materializou e deixou em cima da cama de Mickaella... – Celly piscou um dos olhos, sorrindo. – Pode esquecer!
Todos sorriram por um momento.
-Bem... Agora eu tenho que ir!
-Espere... – Tie levantou a voz. – Quando você disse “meus protegidos”, o que estava querendo dizer?
Era tarde demais. Celly já havia ido, e o corpo de May estava no chão, estirado. Tie entendeu que esta pergunta nunca lhe seria respondida. Pelo menos, não por Celly.
-Vamos levá-los para o quarto! – Inna sugeriu.
- Eu levo May... – Tie se virou, erguendo a moça; - Se virem com ele.
-Tie... –Micka soltou. – Não fique com raiva dele... Ele estava possuído...
-Ele não estava, Micka... – Tie não expressava felicidade nenhuma em sua voz. – Aquela sombra não teve nada a ver com isso...
-Isso não é verdade, Tie...
-Também acho que a sombra não teve culpa... – Inna olhava friamente para o garoto no chão.
-Inna... – Mickaella disse, realmente surpresa. – Qual é? Vocês viram a sombra! Ouviram muito bem as palavras de Celly...
-Celly não veio pela atitude de Riley, Amiga... – Inna, como sempre, estava sendo verdadeiramente realista. – Veio pela possessão!
Alguém bate a porta.
-Eu atendo... – Inna soltou com força o braço que segurava de Riley, e caminhou em direção à entrada.
Micka revirou os olhos.
Inna se aproximou, e então girou a maçaneta, abrindo a porta.
O carteiro. Uma carta rosa, completamente lotada de coraçõezinhos vermelhos de papel camurça colado por cima do envelope, e com um gostoso cheirinho de Hortelã chegou às mãos de Inna.
A jovem fechou a porta, e a entregou para Micka, que já havia levado Riley para o quarto. E lá ela se encontrava, ao lado de um Tie acordado e revoltado, e uma May inocente e desmaiada.
A moça abre a carta, e tira de lá um pedaço quadrado de papel verde,com letras se sobressaltando na cor azul marinho.

“Mickaella Diaz...
O que pensa que está fazendo perdendo contato comigo? Poxa, eu passei o verão inteiro na sua casa, poderia pelo menos me ligar às vezes? Estou ansiosa aqui... Roendo os últimos restos de unhas que me restam...
Não se assuste, mas eu passarei mais um tempo em sua casa. Meus pais terão que passar uma temporada no Brasil. (E eu não sei NADA de português!)
Vou estudar em sua escola também *--*... Vamos passar bastante tempo juntas.
Sua mãe já sabe de tudo. Beijos, nos vemos em breve!!!
Isabella Parker... Mas você já sabe disso!”
-Mas que droga, Isa! – Exclamou Micka, batendo o pé. – Você não poderia ter escolhido hora pior para se mudar!
-Ela vai acabar descobrindo se ficar aqui... – Inna cruzara os braços. – E agora, o que faremos?
Os três se olham, completamente desesperados...
* * *

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